Ao falar em ‘interferir’, Bolsonaro olha para o lado onde está sentado Sergio Moro

Imagens foram divulgadas nesta sexta-feira (22)

Bolsonaro em trecho de vídeo da reunião ministerial olha em direção à Moro; à direita, a posição do ministro em relação ao presidente — Foto: Reprodução e Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro olhou para o lado em que está sentado o então ministro Sergio Moro ao falar em “interferir” durante a reunião ministerial de 22 de abril. Veja no vídeo acima.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello divulgou nesta sexta-feira (22) o vídeo da reunião ministerial do governo Bolsonaro, que integra o inquérito que investiga suposta interferência do presidente da República na Polícia Federal.

Dois dias depois da reunião, em 24 de abril, Moro pediu demissão sob o argumento de Jair Bolsonaro interferiu na PF ao demitir o então diretor-geral do órgão, Maurício Valeixo, e insistir na troca do comando da PF no Rio de Janeiro.

Bolsonaro fazia comparações com o sistema de informação estrangeiros e criticava o sistema de informações que o abastece. E, ao falar em interferir, se virou em direção ao lado de onde está Moro:

“E me desculpe, o serviço de informações nosso, todos, é uma … são uma vergonha, uma vergonha! Que eu não sou informado! E não dá pra trabalhar assim. Fica difícil. Por isso, vou interferir! E ponto final, pô! Não é ameaça, não é uma … extrapolação da minha parte. É uma verdade. Como eu falei, né? Dei os ministérios pros senhores. O poder de veto. Mudou agora. Tem que mudar, pô.”

Moro estava à esquerda de Bolsonaro. Da direita para a esquerda do presidente, estavam os ministros da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, o ministro da Casa Civil, Braga Netto e o vice-presidente, Hamilton Mourão. Ao lado de Mourão, no lado esquerdo de Bolsonaro, está Moro. E, depois, o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo (veja abaixo).

Bolsonaro já disse publicamente que a interferência dizia respeito, na verdade, à necessidade de trocar a segurança da sua família no Rio, e não à troca na Polícia Federal. O responsável pela segurança do presidente é o Gabinete de Segurança Institucional, comandado pelo general Augusto Heleno. Mas Heleno está do lado oposto ao qual Bolsonaro olha quando fala em “interferir”.

Após a divulgação do vídeo da reunião, Bolsonaro disse que as imagens desmontam mais uma “farsa” e mostram que não há “indício de interferência na Polícia Federal”.

Moro comentou que a “verdade foi dita, exposta em vídeo”.

Trechos

Nesses trechos da reunião ministerial de 22 de abril, Bolsonaro disse:

  • externa, por diversos momentos, sua insatisfação com as informações que recebe dos serviços de inteligência, que, segundo ele, o desinformam. Ele diz que não pode ser surpreendido com notícias, e menciona a Polícia Federal: “Pô, eu tenho a PF que não me dá informações”;
  • revelou ter um “sistema “particular” de informações que, segundo ele, funcionae reclamou que o sistema oficial “desinforma” –em entrevista à rádio Jovem Pan na noite desta sexta, o presidente disse que o “sistema particular” é formado por conhecidos dele;
  • disse ter “o poder” de “interferir em todos os ministérios, sem exceção”;
  • menciona preocupação de que familiares e amigos dele sejam prejudicados porque não pode “trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa”.
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