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O faz de conta dos caixas um e dois das campanhas eleitorais

Juiz eleitoral escreve sobre financiamento de campanha eleitoral 

Por Herval Sampaio Junior

O problema do financiamento das campanhas eleitorais não é tão fácil de resolver, como defendem alguns com a perspectiva de que basta tão somente transformar o financiamento das campanhas em estritamente público, alterando a normatização do atual sistema que é misto, em que se permitem doações/investimentos do setor privado e cotas do fundo partidário.

Nessa linha, tais defensores acreditam que todos os problemas relativos ao chamado, por exemplo, caixa dois estaria totalmente resolvido, pois empresas grandes como as empreiteiras não poderiam mais doar/investir nas campanhas eleitorais. Ledo engano, com todo respeito a quem pensa em contrário, pois o problema é bem maior do que se imagina e primeiro temos que ter a preocupação com o chamado, vamos chamar assim para facilitar a compreensão Caixa um, ou seja, as doações que de doação não tem nada, e sim investimento e que são autorizadas pela legislação, independentemente hoje, de ser pessoa física ou pessoa jurídica e mais sem qualquer limite máximo de gastos, logo, olha que problema interessante, já temos hoje com o atual sistema e que ninguém está conversando com relação à reforma do sistema político que se avizinha, quando a legislação eleitoral, não prevê limite máximo de gastos entre os candidatos e nem sequer mínimo.

Já temos aqui, com todo respeito, nesse sistema uma aberração, pois aqueles que já entram numa campanha eleitoral, mal intencionados e não são poucos, ou seja, com a ideia clara de fingir, que estão verdadeiramente prestando conta real, substancial dos gastos e principalmente receitas obtidas para o desenvolvimento da campanha, optam por óbvio em colocar os seus limites de gastos bem acima, justamente para não terem quando, com todo respeito, do faz de conta da análise das contas que serão submetidas à Justiça Eleitoral suas contas reprovadas. Porque será?

Justamente porque colocando um valor maior, poderá dentro do que permite a própria legislação arrecadar e ao mesmo tempo gastar no chamado, caixa um, valores que seriam bem maiores do efetivamente existente. E esta essa saída formal em se colocar um limite máximo do valor que entenda pertinente, o candidato e o partido politico conseguem, por exemplo, se safar de uma eventual punição, acaso não tenha feito uma previsão correta e real dos gastos.

Se porventura houvesse obrigação de se estipular tetos sobre a previsão de gastos, o próprio candidato e o partido político teriam mais cuidado na hora de designar o intervalo pelo qual estaria obrigado a gastar, mesmo que formalmente. E agora vejam como sempre colocam valores à maior do que efetivamente gastarão, mesmo com outro problema que vamos em seguida abordar, que é o problema do Caixa dois, sempre acabam fraudando o sistema pelo que estamos chamando de Caixa um.

E aqueles que resolvem muitas vezes por inocência e às vezes por total desconhecimento da lei, colocam valores menores, basta ter uma receita, que no decorrer da campanha um pouco maior e que não era previsível, que já serão devidamente punidos, por força, justamente da não adequação formal as regras previstas em lei e nas resoluções do Tribunal Superior Eleitoral, mas o problema das contas de campanha não reside tão somente na análise formal e técnica das contas prestadas, inclusive com a submissão a diversas regras, que ao longo dos últimos anos até houve uma evolução no sentido de se apertar, ou seja, de se querer fazer com que os partidos e candidatos se submetam a um rigor bem maior em termos de controle, inclusive tentando chegar na medida do possível, ao efetivo gasto e receita feita pelos mesmos.

Entretanto o problema maior reside no fingimento, com todo respeito, das próprias prestações feitas na maioria das vezes pelos candidatos e partidos políticos desse país, afora o problema já relatado; é indiscutível, portanto, que as campanhas eleitorais custam bem mais, consoante se pode claramente vê nas ruas, do que o devidamente informado pelos candidatos e partidos políticos, e essa constatação infelizmente acontece em todas as eleições e pode ser facilmente detectada com análise das campanhas eleitorais passadas, incluindo especialmente a campanha eleitoral de 2014, que foi a mais custosa de todas e a mais cara de todo o mundo, chegando a quase 05 bilhões em termos de caixa um, segundo informado à Justiça Eleitoral.

Ora como sempre venho dizendo a regra geral nesse tema é que os candidatos fingem que prestam conta e infelizmente, por falta de estrutura da Justiça Eleitoral, ela também finge que homologa e aprova formalmente as contas. Ora é até mesmo contraditório se interpretar sistematicamente todos os textos normativos que tratam não somente das campanhas eleitorais, mas principalmente das eleições de um modo geral, e veremos que o espírito é conter as diversas formas de abuso de poder.

Então se indaga se existem diversos textos normativos que procuram coibir, inclusive punindo de forma severa, retirando, em algumas situações, o mandato conquistado por abuso do poder econômico, como que a Justiça Eleitoral pode analisar substancialmente e materialmente se são verdadeiras as informações trazidas pelos candidatos e os partidos políticos na prestação de contas analisadas sob o crivo meramente formal?

Tal constatação, com todo respeito a quem pensa ao contrario, já é, por si só, difícil de compreensão, se por um lado a legislação eleitoral é rigorosa do combate ao abuso do poder econômico, do outro justamente na prestação de contas de campanha há uma interpretação hoje que a analise é feita tão somente no viés formal, sem que a justiça eleitoral possa na prática analisar materialmente se todas aquelas receitas se operaram da forma descrita e o mais importante se aquelas despesas ocorreram da forma devidamente alinhada na prestação de contas, pois infelizmente, por nossa experiência de quase 16 anos como juiz e tendo presidido diversas eleições, percebemos claramente que na grande maioria os candidatos e políticos criam uma receita e despesa totalmente diferente da real, havendo de fato dois caixas.

Portanto, parece-nos ser notório hoje que os candidatos e partidos políticos colocam valores totalmente diferentes dos valores reais na prestação de contas, ou seja, a maioria dos candidatos, no chamado caixa um, na regularidade formal das contas que buscam colocam os valores de despesas informados bem menores do que os valores de mercado.

Tivemos uma experiência recente em que infelizmente, por fazer esse trabalho além do viés formal, nos deparamos com situações muitas vezes visíveis a olho nu como se diz, em que constatamos que algumas prestações de contas chegaram realmente a valores absurdos, inclusive valores que sinceramente poder-se-ia pensar que os candidatos e partidos estariam “tirando onda” da Justiça Eleitoral, pois informaram valores totalmente irreais.

Portanto, somente uma efetiva fiscalização, transformando ou criando agentes públicos, dentro da estrutura eleitoral que pudessem, a partir inclusive do dever indiscutível de fiscalização por parte dos juízes eleitorais, chamado de poder de polícia, teríamos resultado concreto de se coibir na prática o chamado caixa dois. Tais servidores, na fase de propaganda, poderiam inclusive passo a passo analisar materialmente todos os atos e informações prestadas pelos candidatos, em especial os atos de propaganda, a partir da realidade do valor de mercado e o que se via na rua pelos juízes e servidores referidos.

Nessa última eleição, nós vimos claramente por diversos candidatos uma estrutura gigantesca, uma estrutura inclusive para a cognição do que estamos a explicar totalmente surreal quando vamos analisar as contas informadas, os valores são totalmente irreais e o que fazer, segundo a Justiça Eleitoral, com todo respeito, nada, pois a análise é feita somente no aspecto formal, se foram observados os procedimentos, se foram observados os prazos com relações às informações, assinaturas nos recibos competentes e outras diretrizes técnicas contábeis.

Ora essa análise também é importante, inclusive vem sendo feita com rigor maior nos últimos anos, porém nós temos que avançar para fiscalizar, substancialmente, se todos aqueles valores condizem com os valores de mercado, analisar justamente se dentro do chamado caixa um tudo foi devidamente observado e principalmente junto com essa fiscalização e junto evidentemente com o dever de cumprimento e de fiscalização das demais normas, se houve abuso de poder econômico já na prestação de contas, mesmo que indiciária, a partir do que o juiz e sua equipe de fiscalização viram nas ruas.

Desta feita, o que propomos é uma ação mais contundente da Justiça Eleitoral para conter o abuso de poder e tentar justamente aferir os outros gastos que com certeza acontecem, além do que fora devidamente informado e que é conhecido hoje, pelo chamado caixa dois.

Ora por fim, resta-nos uma seguinte indagação e observação ao mesmo tempo, se porventura trocarmos o sistema misto de análise das campanhas eleitorais pelo financiamento de campanhas totalmente público, como alguns defendem claramente e este signatário também até entende que o atual sistema tem que ser modificado, estará resolvido todos os problemas aqui apontados?

Para nós a resposta é não, pois em se adotando de forma mais intensa o financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais, resta-nos uma preocupação, será que não se resolvendo o problema, a partir de uma maior estrutura e fiscalização efetiva que se defende por parte da Justiça Eleitoral e os demais órgãos e entidades envolvidos em tal fiscalização, vedando-se qualquer tipo de financiamento privado das campanhas eleitorais, a situação pode é piorar, já que a nossa cultura de jeitinho brasileiro para burlar a lei, as doações/investimentos serão mais constantes e até maiores, por acreditarem justamente na ausência de fiscalização.

Hodiernamente, sabemos que o que se chama de doação, na realidade é investimento, pois as empresas investem, por incrível que pareça em partidos e candidatos com ideologias distintas, logo dá para acreditar que resolveremos ou minimizaremos esses problemas existentes. Repito, não tenho duvida em afirmar que não, pois o chamado caixa dois continuara ocorrendo se não houver justamente essa mudança cultural e uma maior estruturação, estruturação essa humana, estruturação essa material, estruturação tecnológica com maior preocupação em criar um corpo eleitoral fiscalizatório e principalmente permitindo claramente ao juiz eleitoral, que a partir dessa estruturação, possa analisar materialmente todas as contas das campanhas eleitorais.

Para nós, com todo respeito, retirar o financiamento hoje misto, deixando totalmente puro com recursos públicos, proibindo as empresas de doarem para as campanhas eleitorais, por si só, sem essa outra preocupação nossa que ao longo dos anos e nossa experiência a gente vem se preocupando, com todo respeito a quem pensa em contrário, não resolverá.

Simplesmente mudaremos o foco do problema, realmente, mais uma vez, avançaremos formalmente e continuaremos, por óbvio, com as chamadas doações ilegais, investimentos na realidade ilegais e que mais uma vez fugirão ao crivo de análise do Judiciário. Sem tal estruturação da Justiça Eleitoral, continuaremos com as campanhas com alto custo e principalmente o famoso investimento, em que as empresas investirão ilegalmente e procurarão no decorrer no exercício do mandato daquele que fora ajudado de forma ilegal a recuperação daquele dinheiro, com todo respeito àquele que pensa o contrario, as empresas em nossos pais, e a prática vem demonstrando não estão sendo caridosas, pelo contrário estão fazendo negócios, inclusive altamente lucrativos para seus balancetes, para seus executivos e infelizmente a realidade hoje demonstra isso como enunciado em nota de rodapé.

Por isso, a solução para o problema do financiamento de campanha não é tão simples quanto se pensa, temos que discutir e estudar nessa reforma do sistema político que se avizinha, a partir de uma maior estruturação da Justiça Eleitoral, que possa passar a analisar substancialmente as contas das campanhas eleitorais informadas, por força justamente das obrigações, hoje já formais com relação ao dever de regularidade nas prestações de contas, evitando desde essa fase do processo eleitoral o famigerado abuso de poder econômico, que na prática é a origem de todas as outras formas de abuso de poder e da captação ilícita de sufrágio, a qual infelizmente em nosso país vem em algumas situações se constituindo como uma política institucional de alguns governos ainda mal acostumados com a politicagem assistencialista.

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O Petróleo É Nosso.

O Faturamento É “Deles” 

Por Elviro Rebouças 

Elviro

Elviro Rebouças é economista e empresário

Desde que foi criada em 03 de outubro de 1953 pelo considerável gaúcho Getúlio Dornelles Vargas, Presidente da República, que indicou o cearense Juracy Magalhães como seu primeiro presidente, dentro do ufanismo nacional da escala comercial na produção de petróleo, a Petrobrás vinha frequentando as melhores referências nas páginas econômicas na área da prospecção, refino e distribuição da fonte de energia, sendo apontada recentemente em 2010, pelo Financial Times, como a quarta maior petroleira do mundo, com um valor de mercado de UU$,189 bilhões. As três maiores eram a americana Exxon Mobili, a anglo-holandesa Shell e outra americana, a Chevron. O seu faturamento naquele ano chegou a notáveis R$.285 bilhões, e sempre excedendo o seu lucro a cada ano. Por sinal o Rio Grande do Norte (e Mossoró particularmente) tem a ver com petróleo desde 1953. Foi nesse ano que aportaram aqui engenheiros, geólogos e técnicos norte-americanos, quase vinte ao todo, para chefiarem a missão de perfurar o primeiro poço petrolífero, justamente o da Gangorra, entre município e a então vila de Tibáu, quando foi constatada a existência do ouro negro, embora, por razões de segurança, fosse tamponado o reservatório, em escaldante trabalho, noite e dia, por mais de um ano. Entre 2009 e 2010, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, o Governo Federal, em ampla campanha de mídia por televisão, rádio, jornais e revistas, proclamou a nossa autossuficiência petrolífera, quando vínhamos produzindo 2,1 milhões de barris dia. O Rio Grande do Norte chegou a produzir 160 mil barris dia, e só estávamos aquém da plataforma continental, no Rio de Janeiro, entre Campos de Goytacazes e Macaé. Portanto, a nossa joia rara da coroa era motivo de júbilo e encantamento a todos os brasileiros. Bons tempos aqueles. Agora, em contraste, a empresa que já foi presidida por Ernesto Geisel, Hélio Beltrão, Osires Silva, Floriano Peixoto Faria Lima, Shigeaki Ueki, Araken de Oliveira e Henri Philippe Reichstul, entre outros notáveis, está afeita às páginas policiais, com a operação Lava-Jato, causando genuíno espanto a todas as camadas sociais do país, numa missão edificante do Ministério Público, Receita e Polícia Federal, com a prisão de ex-diretores, gerentes e grandes empreiteiros que, para servirem a produção de petróleo, manusearam contratos (já apurados) que pulam a R$.57 bilhões, e aonde já se constatou, só por delação premiada, que R$.437 milhões estarão de volta aos cofres da empresa, pela própria proclamação dos ilegitimamente gestores favorecidos, que repassavam polpudas somas a representativos partidos políticos e ocupantes de mandatos eletivos. Infelizmente é uma grave falta de respeito para com a empresa privada ou cidadão comum que, com grande esforço, procura cumprir suas obrigações diante de uma carga tributária avassaladora. Enquanto dirigentes da nossa Petrobrás acumulam bilhões de reais, as suas finanças estão combalidas atualmente. Em 2013, embora tenha tido um lucro de R$.23,570 bilhões, acumula um expressivo endividamento de R$.267 bilhões, necessitando de, pelo menos, US$.130 bilhões ou R$.338 bilhões para investimentos na chamada camada do pré-sal, com obras já atrasadas por falta de recursos. Os ratings da Petrobras poderão ser rebaixados ainda mais se o aumento do endividamento for sustentado por uma proporção entre dívida e Ebitda acima de 5 vezes ou se o crescimento da produção cair abaixo das metas, segundo a Moody’s. Um rebaixamento do rating soberano do Brasil também pode pressionar a classificação da empresa. As suas ações PETR3 este ano caíram 15,86%, enquanto a PETR4 amarga perda, em igual período de 15,25 %, deixando desprotegidos o governo (majoritário) e milhões de acionistas minoritários, estes que nada têm a ver com a sua infiel e perdulária gestão no últimos quatro anos. De 03 de janeiro de 2010 até quinta-feira (dia 20 de novembro) as ações ordinárias tiveram um baque de 63,80 %, e as preferenciais tombaram 56,70%, empobrecendo os que ao largo de sessenta anos acreditaram na boa gestão de uma até então exemplar organização.

E O FUTURO, COMO SERÁ?
O reconhecimento de que a produção de petróleo da Petrobras não vai aumentar quanto se esperava este ano, combinado a uma perspectiva de cuidado redobrado nas contratações futuras da estatal a partir da Operação Lava-Jato da Polícia Federal, deverão deixar ainda mais distante a retomada da autossuficiência do Brasil no setor. Antes de o ritmo de alta da produção ser reduzido de 7,5% em 2014 para algo entre 5,5% e 6%, segundo previsões divulgadas pela estatal na última segunda-feira, assessores da presidente Dilma Rousseff e dirigentes da Petrobras esperavam que, em algum mês no fim de 2015, o país já poderia voltar a ter uma produção diária de barris de petróleo acima do consumo interno. Com a revisão feita pela Petrobras, fica mais provável que em 2015 essa equivalência ainda não seja atingida, mesmo com a disparada na produção de petróleo e gás natural (em barris equivalentes) neste ano. Desde janeiro, a produção média diária de petróleo no país subiu em 300 MIL barris, depois de dois anos de produção em queda. No ano, déficit de 13,7%. Em agosto, último dado disponível, o Brasil produziu uma média diária de 2.423 mil barris e consumiu 2.725 em derivados. No ano, há um déficit de 13,7% entre o consumo e a produção. É difícil que o crescimento da produção seja tão grande em 2015 (como tem sido em 2014), porque não vão entrar em operação tantas plataformas quanto entraram entre o fim de 2013 e o início deste ano. Quando a perspectiva de aumento da produção da estatal ainda era superior, em fevereiro, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, previu que, em 2015, a autossuficiência em produção de petróleo no país seria retomada. É atual lembrar o dramaturgo, filósofo e poeta britânico “Nenhuma herança é tão rica quanto a honestidade.” (William Shakespeare‎)

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Faz hoje um mês que Dilma admitiu pela primeira vez a possibilidade de haver desvios na Petrobras; antes, ela acusava mera conspiração dos que queriam privatizar a empresa.

Vejam o que está em curso! Ou: Dilma vai criar galinhas, como o último imperador romano?

Por Reinaldo Azevedo

O tempo passa, e as coisas só pioram na Petrobras e no Brasil. A presidente Dilma se comporta como o último imperador romano, que, no fim da linha, preferia cuidar de galinhas. Ocorre que esta senhora, que encerra melancolicamente o seu mandato, terá mais quatro anos — caso cumpra o calendário e não seja atropelada pela lei. A entrevista concedida nesta segunda por Graça Foster, presidente da estatal, evidencia que o governo perdeu o pé da situação. Raramente se viu soma tão robusta de sandices. Para piorar, as denúncias chegam à atual diretoria da empresa: segundo Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, José Carlos Cosenza, atual diretor de Abastecimento e substituto do próprio Costa, também recebeu propina. Ele nega. E tudo pode sempre piorar: surgiram sinais de que o esquema criminoso pode ter atuado também na Eletrobras, cujas ações despencaram nesta segunda.

Obviamente, não vou eu aqui afirmar a culpa de Cosenza. Denúncias precisam ser provadas para que possam ter consequência penal. Ocorre que esse caso tem mais do que a esfera puramente criminal. Será que a Petrobras aguenta ter um alto membro da atual diretoria sob suspeita? Não é o mais recomendável para uma empresa que não consegue divulgar números de seu balanço trimestral e que já enfrenta sinais de que terá dificuldades para se financiar no mercado externo em razão da falta de credibilidade.

Cosenza estava ontem no evento-entrevista que Graça organizou, compondo a mesa da diretoria da Petrobras. Que a roubalheira comeu solta na empresa — seja ou não para financiar partidos —, isso já está comprovado. Um único gerente, Pedro Barusco, fez acordo de delação premiada e aceitou devolver US$ 97 milhões — o correspondente a R$ 252 milhões. Seu chefe, no entanto, Renato Duque, homem de José Dirceu na empresa e ex-diretor da cota do PT, afirma não saber de nada e se nega a colaborar com as investigações. Assim, se formos nos fiar nas palavras de Duque, devemos acreditar que seu subordinado conseguiu a proeza de amealhar R$ 252 milhões fazendo falcatruas às escondidas do chefe.

O processo será longo. Estamos só no começo. Pensem, por exemplo, que o caso vai mesmo esquentar quando aparecerem os nomes dos políticos, que estão se acumulando lá o STF. Aí é que vocês verão a barafunda.

Desde o começo da crise, tenho chamado atenção para o óbvio: por que a prática seria diferente nas demais estatais se os atores são os mesmos, se a política é a mesma, se os critérios são os mesmos? Surgiu o primeiro elemento que pode indicar que os criminosos atuaram também na Eletrobras — e sabe-se lá onde mais. A presidente brinca com o perigo.

Para começo de conversa, deveria intervir já — e não mais tarde — na Petrobras. Está na cara que Graça Foster perdeu a condição de presidir a empresa. Cosenza tem de ser afastado não porque esteja comprovada a sua culpa, mas porque a estatal não pode conviver com desconfiança. Evidenciada a sua inocência, que volte.

Um mês
Vejam vocês: hoje, 18 de novembro, faz exatamente um mês que Dilma admitiu pela primeira vez a possibilidade de haver desvios na Petrobras. E ainda o fez daquele modo rebarbativo. Disse então: “Se houve desvio de dinheiro público, nós queremos ele de volta. Se houve, não; houve, viu?”. Até o dia anterior, ela atribuía as críticas aos desmandos na empresa à pressão dos que quereriam privatizá-la.

Dilma terá dias bem difíceis pela frente. O show de horrores está só no começo. Imaginem quando começarem a sair do armário os esqueletos das contas secretas no exterior, onde foi depositada parte da propina. Uma única conta de Barusco da Suíça teve bloqueados US$ 20 milhões. Na delação premiada, Youssef se prontificou a ajudar a PF a chegar inclusive a contas que pertenceriam ao PT. Se elas existem ou existiram, a cobra vai piar.

Fonte: www.veja.com.br

 

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Desça do palanque, Dilma!

A presidente perdeu uma rara oportunidade de ficar calada.
Ricardo Noblat

Na Austrália, do outro lado do mundo, sob o efeito do fuso horário, talvez, como se ainda estivesse em cima de um palanque, certamente, a presidente Dilma Rousseff concedeu sua primeira entrevista coletiva sobre o arrastão de donos e executivos de empreiteiras que marcou na semana passada mais uma etapa das investigações sobre a roubalheira na Petrobras. Perdeu uma rara oportunidade de ficar calada.

Dilma foi vítima da síndrome do terceiro turno que não acomete apenas a oposição. Disse um monte de bobagens, invenções e falsas verdades para uma plateia de jornalistas que se deu por feliz em anotar o que ouviu.

E assim procedeu como se ignorasse que o distinto público conhece cada vez melhor os vícios e espertezas dos seus representantes. Vai ver que ela ignora mesmo.

Vamos ao que disse.

Teve o atrevimento de afirmar de cara lavada que “pela primeira vez na História do Brasil” um governo investiga a corrupção. E não satisfeita, culpou governos passados pela corrupção que acontece hoje na Petrobras.

Stop!

O governo dela não investiga coisa alguma. Polícia Federal e Ministério Público investigam. Os dois são órgãos do Estado, não do governo.

Corrupção existe em toda parte e o tempo inteiro. Mas enquanto não se descobrir que houve corrupção na Petrobras em governos anteriores aos do PT, vale o que está sendo escancarado pelas investigações: o PT privatizou, sim, a Petrobras. Apropriou-se, sim, dela.
Corrompeu-a, sim. E usou-a, sim, para corromper. Depois de Lula, Dilma é a figura mais importante da Era PT.

Adiante.

Para Dilma, o escândalo cuja paternidade ela atribui a outros governos e cuja decifração reivindica para o seu, “poderá mudar o país para sempre. Em que sentido? No sentido de que vai acabar com a impunidade”.

Stop!

Sinto muito, Dilma, mas o escândalo que poderá mudar o país para sempre, e que acabou com a impunidade, foi o do mensalão. Quer tirar de Lula a primazia?

Dizer que “essa questão da Petrobras “já tem um certo tempo” e que “nada disso é tão estranho para nós” é uma revelação digna de nota.

Primeiro porque o governo dela se comportou como se nada soubesse quando estourou o escândalo. Segundo por que o máximo que ela insinuou a respeito foi que havia demitido Paulo Roberto Costa, ex-diretor da empresa, réu confesso.

Ora, ora, ora.

“Paulinho”, como Lula o chamava, saiu da Petrobras coberto de elogios pelo Conselho de Administração da empresa presidido por Dilma até ela se eleger presidente da República.

Foi um dos 400 convidados de Dilma para o casamento da filha dela. E ao depor na CPI da Petrobras, contou com a proteção da tropa do governo. Dilma nada fez para que não fosse assim.

Adiante, pois.

O escândalo da Petrobras não dará ensejo à revisão dos contratos do governo com as principais empreiteiras do país, avisou Dilma. Muito menos a uma devassa na Petrobras.

“Não dá para demonizar todas as empreiteiras. São grandes empresas”, observou Dilma. “E se A, B ou C praticaram malfeitos, atos de corrupção, pagarão por isso”.

Stop!

Quer dizer: mesmo que reste provado que as nove maiores empreiteiras do país corromperam e se deixaram corromper, os contratos que elas têm com o governo fora da Petrobras não serão revistos.

Não parece razoável que empresas envolvidas com corrupção num determinado lugar possam ter se envolvido com corrupção em outros?

Por fim: se a Petrobras não pede uma devassa é só porque Dilma prefere que seja assim.

Fonte: Blog do Noblat

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Dilma e o discurso ornitorrinco: bota ovo e tem bico, mas é mamífero. ..

E ainda esconde uma glândula venenosa. Ou: PF nunca investigou algo de tal dimensão

Por Reinaldo Azevedo

Lá da Austrália, uma terra de fauna muito peculiar, como sabemos, Dilma tentou, acreditem, faturar com o escândalo da Petrobras — aquele mesmo que, segundo Alberto Youssef, era do seu conhecimento. Aquele mesmo para o qual, segundo Augusto Nardes, ministro do TCU, seu governo fora advertido. Fez um discurso mais exótico do que um ornitorrinco. O bicho semiaquático é mamífero, mas bota ovo e tem bico. E ainda esconde uma glândula de veneno.

No discurso ornitorrinco de Dilma, a gente entende que há ao menos uma coisa boa: o país nunca mais será o mesmo, segundo ela. Haverá, garante, uma “mudança no Brasil para sempre”. Ao destrinchar, ainda que à sua moda, o que quis dizer, lá veio a conversa mole de que toda a sem-vergonhice decorre do financiamento privado de campanha. Já tratei do assunto em outro post.

É mesmo, é? Que conversinha perigosa, não? Bancos também doam, não é? E, nesse caso, eles são regulados diretamente pelo governo federal — pelo Banco Central. E aí, presidente? Também há relações de troca, ou só os empreiteiros é que são malvadões? Isso é conversa para enganar trouxas. Mas o objetivo do meu post aqui é outro.

Vou aqui contestar uma tolice veiculada pela presidente e seus porta-vozes informais na imprensa. Querem fazer com que a investigação pareça uma virtude do governo: “Ah, esse, sim, combate a corrupção!”. Opa! Calma lá! Em primeiro lugar, como sempre, há o nó lógico: quer dizer que o governo Dilma chegará ao auge da moralidade no dia em que se descobrir um escândalo por dia? Ora, presidente, se país rico é país sem pobreza; país decente é país sem ladrões em postos de comando. Ou a senhora pretende nos convencer de que é o excesso de larápios flagrados pela PF que evidencia o triunfo da moral?

Em segundo lugar, o PT está no poder desde 2003, e os ladrões pintaram e bordaram durante quase 12 anos. No período, a senhora foi a czarina da área energética — inclusive presidente do Conselho da Petrobras. Se a senhora insiste que o financiamento de campanha é a origem de todos os males, devo entender que o dinheiro sujo financiou, inclusive, a sua campanha? Nesse caso, devo considerar o seu mandato legítimo?

Dilma voltou à ladainha de escândalos do passado que não foram investigados. Ah, presidente… Quando um tal Pedro Barusco, um simples gerente e estafeta do petista Renato Duque, ex-diretor de serviços, admite devolver US$ 97 milhões – R$ 252 milhões –, a gente começa a ter uma noção do tamanho do assalto. Nunca houve nada dessa dimensão no país e é difícil acreditar que tenha havido no mundo.

E a própria Dilma, tentando se livrar da confusão, confessa: é tramoia envolvendo partidos – muito especialmente o seu partido. De fato, nunca se investigou algo desse tamanho antes porque, afinal, o PT ainda não havia chegado ao poder para produzir… algo desse tamanho!

Fonte: www.veja.com.br

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O que faz a diferença no escândalo da Petrobras: gente graúda vai presa

Gente graúda vai presa

Por Ricardo Noblat

De surpreendente, de espantosamente surpreendente, de favoravelmente surpreendente, o país assiste desde o início desta manhã à prisão de executivos de grandes empreiteiras suspeitos de terem corrompido ou se deixado corromper no caso do escândalo do desvio de mais de R$ 50 bilhões da Petrobras.

Passe os olhos sobre a nomenclatura das empreiteiras: Galvão Engenharia, Mendes Junior, Queiroz Galvão, Iesa / Iesa Oleo e Gás, Engevix, UTC / Constran, OAS, Odebrecht e Camargo Corrêa.

O número de empreiteiras investigadas chega a 15, segundo a Polícia Federal. Mas, por ora, só há provas robustas contra nove.

O presidente da UTC / Constran foi preso. A Justiça decretou a prisão temporária dos presidentes da OAS e da Camargo Corrêa. O vice-presidente da Camargo Corrêa fugiu.

Um dia desses, li no jornal O Estado de S. Paulo entrevista concedida por Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, indicado pelo PT. Duque jurou que a Petrobras está limpa. Foi preso hoje.

É isso, pelo menos até agora, o que tem de diferente o escândalo que ameaça afogar a Petrobras no mar de lama que corre por lá desde o início do primeiro governo Lula. Ou mesmo desde antes.

Dessa vez, tudo indica que não sobrará apenas para arraia miúda – embora seja difícil encontrar alguém miúdo quando se fala da Petrobras.

De curioso: o ministro da Justiça ordenou, ontem, que a Polícia Federal investigue quatro dos seus delegados que postaram elogios a Aécio Neves em um endereço fechado no Facebook. São delegados que comandam a devassa na Petrobras.

O que uma coisa tem a ver com a outra? Nada. O ministro quis lançar suspeição sobre os delegados. Foi isso.

Menos de um dia depois, a Polícia Federal prende e acontece. Registre-se: ela não retaliou o ministro. Apenas cumpriu ordens da Justiça que amadureceram nas últimas semanas.

De todo modo, o ministro poderia ter passado sem essa. Um delegado como qualquer cidadão pode manifestar opiniões políticas.

De preocupante: como Dilma apressará a montagem do seu novo governo se de um momento para o outro, a depender da Justiça, a Polícia Federal poderá fazer e acontecer?

Sabe-se que ultrapassa a casa dos 40 o número de políticos citados como corruptos por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e o doleiro Alberto Yousseff. Dilma não conhece os nomes.

Imagine só ela convidar um político para ministro e descobrir mais adiante que ele será processado pela Justiça. Esse não deve ser o maior temor de Dilma, todavia.

Como fica Graça Foster, nomeada por ela para presidir a Petrobras, e que simplesmente ignorava o que se passava ao seu redor? E como fica a própria Dilma, tão ligada como sempre foi à Petrobras?

Antes mesmo de começar, o segundo governo Dilma já sofre forte abalo.

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CONTAS PÚBLICAS

O GOVERNO NÃO FEZ SUA PARTE

Elviro

Elviro Rebouças é economista e empresário

Eu era menino, estudando no hoje centenário Colégio Diocesano Santa Luzia, de Mossoró, início da década de sessenta, quando mencionaram em comentários a frase “Le Brésil n’est pas un pays serieux” – “O Brasil não é um país sério” – atribuída ao grande Presidente francês Charles de Gaulle, por ocasião da chamada guerra da lagosta.. Vem muito bem a calhar em momentos recorrentes da história nacional nos últimos tempos. Ganha particular relevo quando formulada pela figura mais respeitada da política francesa no século XX e reserva moral da velha democracia europeia.

Quando agora o Palácio do Planalto, só com 15 dias depois das eleições presidenciais vencidas, em renhido segundo turno, por uma mínima margem de votos pela ocupante atual do governo, a Presidente Dilma Rousseff, e até então o governo tentava aparentar céu de brigadeiro ao orçamento da república, propõe mudar a Lei de Diretrizes Orçamentárias porque não conseguiu poupar o prometido para o serviço da dívida, quebrando a coluna mestra do corpo da Lei de Responsabilidade Fiscal, em vigor desde 05.05.2000, no governo de Fernando Henrique Cardoso e que orienta e é principal instrumento das contas públicas do Brasil, e que vinha sendo cumprida à risca até agora, passando, inclusive por oito anos do mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A Ministra do Planejamento Miriam Belchior nega que seja ‘cheque em branco’ e alega necessidade de gastar mais- sua frase textual é exótica, para não dizer extravagante: “Não temos como cravar uma meta neste momento, porque a receita está muito errática”. Sinceramente é tempo de relembrar o dito pelo majestoso estadista que a França apresentou ao planeta, embora eu, particularmente, fique incomodado, como brasileiro, toda vez que ouço ou leio essa menção, desde os tempos de colégio. Para evitar o descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o governo enviou ao Congresso projeto que permite abatimento de todas as despesas com PAC e desonerações da meta de superávit primário. Esses gastos somam R$ 138 bilhões este ano, mais que os R$ 116,1 bilhões de esforço fiscal até então prometido. Na prática, a mudança dá aval para o país ter déficit, ou seja, gastar mais do que arrecada. Analistas temem que a piora nas contas públicas leve ao rebaixamento do Brasil por agências de rating. – Objetivamente, a mudança desobriga o governo de fazer qualquer esforço fiscal este ano, uma vez que, juntos, esses gastos já somam R$ 138 bilhões (R$ 54 bilhões com PAC e R$ 84 bilhões com desonerações). Isso é mais do que a meta definida para o governo federal na LDO, de R$ 116,1 bilhões. A mudança proposta pelo governo foi criticada por analistas do mercado. Eles avaliam que o governo desmontou uma das pernas do tripé da política macroeconômica, que é justamente a realização de superávits primários, e apontam o risco de o Brasil sofrer um novo rebaixamento pelas agências de classificação de risco. No auge da crise mundial, em 2009, quando os incentivos eram cruciais, o esforço fiscal do governo foi de 2,06% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país). Para o mercado, seria melhor que o governo reconhecesse que não vai cumprir a meta de superávit. Com receitas em queda e despesas em alta, o setor público acumula um déficit primário de R$ 15,3 bilhões até setembro. É a tal história – Essa emenda saiu pior do que o soneto. Isto pode ser um enorme telhado de vidro para o Brasil. Embora o mercado e a oposição tenham feito contas indicando que o resultado primário de 2014 pode ser um déficit, a ministra afirmou que a equipe econômica não abaterá todos os investimentos do PAC, como permite a proposta. Os analistas também apontam que a deterioração das contas públicas em 2014 tornará praticamente impossível para o governo realizar o superávit primário de 2% a 2,5% do PIB fixado na LDO de 2015. No entanto, a ministra do Planejamento evitou tocar no assunto. Segundo ela, os novos parâmetros econômicos para 2015 serão enviados ao Congresso ainda em novembro, mas ela não quis dizer se será mudada a meta de superávit de 2015. Na exposição de motivos encaminhada ao Congresso, o Executivo ressalta que a previsão de crescimento da economia brasileira foi revisada ao longo deste ano em relação à utilizada no início de 2013. O governo diz ainda que outros países também estão revisando suas estimativas de crescimento. Considerando o setor público consolidado, que inclui estados e municípios, a meta de superávit prevista na LDO de 2014 chega a R$ 167,4 bilhões, ou 3,1% do PIB. Mas a lei desobriga o governo federal de cumprir a meta dos demais entes. Ao longo do ano, o governo já tinha revisto o compromisso fiscal para baixo e se comprometeu a fazer uma meta de R$ 99 bilhões. Enquanto a oposição ameaça dificultar a aprovação da mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014, que desobriga o governo de fazer superávit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida) este ano, a base governista se articula para aprovar a medida em tempo recorde. O notável poeta e filósofo inglês William Shakespeare dizia, meu caro leitor, “Quem me rouba a honra priva-me daquilo que não o enriquece e faz-me ser verdadeiramente POBRE.” Você concorda com ele?

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Há 20 dias, VEJA publicou na capa a notícia ratificada pelo editorial do Estadão: Lula e Dilma sabiam da corrupção na Petrobras

Editorial do Estadão confirma capa da Veja

Por Augusto Nunes

ELES SABIAM DE TUDO, informou VEJA na edição distribuída em 24 de outubro, dois dias antes da eleição presidencial. “Eles” eram Lula e Dilma Rousseff, cujos rostos dividiam a capa da revista. “Tudo” resumia o aluvião de maracutaias protagonizadas por um bando de corruptos que, protegido pelo governo ao qual servia, reduziu a Petrobras a uma usina de negociatas bilionárias.

Na mesma sexta-feira, a candidata a um segundo mandato usou seis minutos do último dia da propaganda na TV para enfileirar falácias, pretextos e desculpas que, somadas, davam zero. Durante o palavrório, ameaçou o mensageiro da má notícia com uma ação judicial que jaz no mausoléu das bravatas eleitoreiras.

O fabricante do poste que desgoverna o país esperou alguns dias para jura, fantasiado de repórter de TV, que VEJA é um partido político que sonha obsessivamente com o extermínio do PT. O conto da imprensa golpista é a mais recente invenção do vigarista decadente. Um grupo de devotos da seita liberticida nem aguardou que fosse aplicado para desempenhar o papel de otário. Já no dia 24, pichadores companheiros exercitaram a vocação para o vandalismo nas imediações da sede da Editora Abril.

“Lula e Dilma sempre souberam”, ratificou nesta sexta-feira o editorial do Estadão. Exemplares do jornal começavam a chegar aos assinantes quando também começou a ofensiva da Polícia Federal que resultou na captura de outra leva de saqueadores da Petrobras. Desta vez, como se verá no próximo post, juntaram-se à população carcerária figurões de empreiteiras corruptoras, além de outro ex-diretor da estatal apadrinhado por José Dirceu.

O editorial sobre o maior escândalo político-policial ocorrido desde a chegada das caravelas não surpreendeu os leitores de VEJA, que acompanham desde março a cobertura da espantosa procissão de abjeções descobertas pela Operação Lava-Jato. As revelações vêm acelerando perigosamente os batimentos do coração do poder. O fechamento do cerco aos quadrilheiros do Petrolão vai chegando aos chefões. O enfarte parece inevitável.

“Em janeiro de 2010, quando ocupava a Presidência da República e Dilma Rousseff era ministra-chefe da Casa Civil, Lula vetou os dispositivos da lei orçamentária aprovada pelo Congresso que bloqueavam o pagamento de despesas de contratos da Petrobrás consideradas superfaturadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Lula sabia exatamente o que estava fazendo, tanto que se empenhou em justificar longamente sua decisão, na mensagem de veto encaminhada ao Congresso. E é impossível que Dilma Rousseff ignorasse o assunto, pois o veto foi encaminhado ao Congresso pela Mensagem n.º 41, de 26/1/2010, da Casa Civil.

Até um cego enxerga que os governos petistas permitiram, quando não estimularam, as irregularidades na Petrobrás. E agora está claro e confirmado que Lula e Dilma não desconheciam o assalto à maior empresa brasileira. Tudo está registrado no Diário Oficial da União.

As evidências são abundantes, resultado do trabalho do TCU, da Controladoria-Geral da União (CGU), da Polícia Federal (PF) e também do Congresso Nacional. E agora a empresa holandesa SBM Offshore, fornecedora da Petrobrás, faz um acordo com o Ministério Público de seu país pelo qual pagará US$ 240 milhões em multas e ressarcimentos para evitar processo judicial por corrupção por ter feito “pagamentos indevidos” para obter contratos no Brasil, na Guiné Equatorial e em Angola. Os pagamentos incluem US$ 139 milhões relativos a contratos com a estatal brasileira. No Brasil, o assunto já é objeto de investigação pela CGU.

Sempre que é questionada sobre os sucessivos escândalos envolvendo a Petrobrás, Dilma alega que os “malfeitos” aparecem porque ela própria “manda investigar”, como se o TCU, a CGU e a PF dependessem de ordem direta da Presidência da República para cumprir suas obrigações constitucionais. Ao contrário de “mandar” investigar, o governo tem feito o contrário, tentando, por exemplo, esvaziar o trabalho das duas comissões de inquérito do Congresso ou vetando medidas profiláticas como as sugeridas pelo TCU.

O vínculo do PT com a corrupção na gestão da coisa pública não se explica apenas pela vocação de notórios larápios, mas principalmente pela marota convicção de que, num ambiente dominado pelos famosos “300 picaretas”, é indispensável dispor sempre de “algum” para ajeitar as coisas. Em outras palavras: a governabilidade exige engrenagens bem azeitadas.

Pois foi exatamente com esse espírito que Lula, com o óbvio conhecimento de Dilma, ignorou solenemente o acórdão do TCU que apontava graves irregularidades em obras da Petrobrás e vetou os dispositivos da lei orçamentária que, acatando a recomendação do Tribunal de Contas, impediam os repasses considerados superfaturados. Só com isso, Lula permitiu a liberação de R$ 13,1 bilhões para quatro obras da Petrobrás, dos quais R$ 6,1 bilhões eram destinados à construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Ao vetar, “por contrariedade ao interesse público”, os dispositivos da lei de meios que coibiam a bandalheira, Lula argumentou que a aceitação das recomendações do TCU sobre as quatro obras implicaria “a paralisação delas, com prejuízo imediato de aproximadamente 25 mil empregos e custos mensais da ordem de R$ 268 milhões, além de outros decorrentes da desmobilização e da degradação de trabalhos já realizados”. Ou seja, a corrupção embutida nos contratos da Petrobrás, comprovada pelo TCU, seria um mal menor. Perfeitamente aceitável para quem acredita e apregoa que “excessos de moralismo” são coisas de “udenistas” e “burgueses reacionários”.

Mesmo se admitindo – só para argumentar e na mais indulgente das hipóteses – que o veto de Lula, afinal, tenha beneficiado o interesse público, é o caso de perguntar: o que foi feito, daí para a frente, para coibir os notórios “malfeitos” na Petrobrás? Os operadores da bandalheira permaneceram rigorosamente intocados, enriquecendo e distribuindo o dinheiro da Petrobrás para políticos amigos até o fim do mandato de Lula.

Depois de assumir o governo, Dilma jamais deu importância ao assunto publicamente, limitando-se a garantir que “mandou apurar” tudo”.

Fonte: www.veja.com.br

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Perplexidade em Brasília

A casa continua caindo

Por Gerson Camaroti 
Um clima de perplexidade tomou conta do mundo político em Brasília com a nova etapa da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Parlamentares da base aliada estão preocupados com o que consideram um avanço rápido das investigações em cima dos corruptores – os executivos de grandes empreiteiras.

No Palácio do Planalto o ambiente é de preocupação. Apesar da ressalva de assessores do governo de que pessoalmente a presidente Dilma Rousseff está blindada, há o reconhecimento interno de que o aprofundamento das investigações vai criar uma crise política sem precedentes, além de fragilizar a imagem da Petrobras, a maior estatal do país.

Um integrante do governo reconhece, porém, que apesar da blindagem de Dilma, a gestão da estatal durante o período do governo Lula já está atingida. Assessores mais próximos da presidente já defendem internamente que é preciso fazer um discurso preventivo para mostrar que Dilma iniciou mudanças na estatal, com demissão dos ex-diretores. E que, por isso, é preciso estabelecer uma separação entre as administrações da Petrobras no período Lula e no período Dilma.

Se aliados estão em pânico, no PT a situação consegue ser pior, com a prisão do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, ligado diretamente ao partido. Quando foi nomeado para a Diretoria de Serviços da estatal, em 2004, o padrinho político dele era conhecido por todos no Palácio do Planalto: o ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu, que depois foi condenado no processo do mensalão.

O dúvida no PT é sobre a capacidade de resistência de Duque dentro da prisão. No partido, todos citam que a resistência do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa foi enorme. Mas que fragilizado psicologicamente depois de meses de prisão num regime rígido, acabou entregando todo mundo. O mesmo aconteceu com o doleiro Alberto Youssef.

Advogados de políticos estão sendo consultados pelos clientes desde que foi noticiada a operação da PF no início da manhã desta sexta (14). Senadores e deputados de partidos aliados foram surpreendidos com a prisão dos diretores e executivos das empreiteiras fornecedoras da Petrobras. Muitos desses executivos têm relação de proximidade com políticos já citados nas delações premiadas.

“Todo mundo está querendo entender a extensão dessa investigação. Ninguém imaginava uma operação dessa dimensão da Polícia Federal. Tudo está andando numa velocidade muito maior do que foi no escândalo do mensalão. Muito em breve, a operação vai atingir a classe política. Já é a maior crise política depois do impeachment de Collor”, avaliou um senador da base aliada, para em seguida completar: “E esse ambiente irá contaminar definitivamente o governo Dilma”.

Fonte: G1

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Ladrões nativos não conseguem impedir que roubalheira na Petrobras seja investigada nos EUA e na Holanda…

É um vexame internacional! Ou: o estranho tempo da CGU

Por Reinaldo Azevedo

Que coisa! Muito ágil a Controladoria-Geral da União, não é mesmo? Vamos ver. Como vocês sabem, o Ministério Público da Holanda anunciou, nesta quarta-feira, que a empresa SBM Offshore foi multada em US$ 240 milhões por ter pagado US$ 200 milhões em propina para obter contratos em vários países, entre 2007 e 2011. O Brasil, claro!, está entre eles. A SBM é a maior fornecedora mundial de plataformas de petróleo e mantém contratos com a Petrobras que chegam a US$ 27 bilhões. A empresa confessou os seus crimes mundo afora, inclusive em nosso país: pagou suborno a funcionários e intermediários da Petrobras estimados em US$ 139 milhões. Atenção! Não se trata mais de suspeita. É um fato. O criminoso confessou.

O vexame é gigantesco. O caso foi denunciado pela VEJA em fevereiro. Em março, a Petrobras concluiu uma apuração interna, em tempo recorde, e, acreditem!, não viu nada de errado. Nesta quarta, horas depois de o Ministério Público da Holanda ter anunciado a punição da SBM, eis que o ministro Jorge Hage vem a público para informar que a Controladoria-Geral da União também constatou irregularidades. É mesmo?

Não quero maldar! Mas acho a coincidência, para dizer pouco, estranha. O caso de corrupção só veio a público porque um ex-funcionário a SBM tentou chantagear a empresa em 3 milhões de euros para não contar o que sabia. Ela não aceitou, e o escândalo veio à luz, com uma penca de evidências. A Petrobras, no entanto, não encontrou nada de errado. Não me digam!

“Sem dúvida houve irregularidade no relacionamento entre a SBM e seus representantes no Brasil e a Petrobras”, afirma Hage. A empresa — leiam aqui — já afirmou que está disposta a colaborar com as investigações e se dispõe a fornecer informações à Controladoria.

Tchau, Graça!
Graça Foster, a presidente da Petrobras, tem um mal semelhante ao de sua chefe e amiga, a Dilma: como está com o ar sempre enfezado, passa a impressão de que sempre tem razão ou de que pensa mais do que… pensa. Em maio, esta senhora negou que houvesse qualquer irregularidade na relação com a SBM e ainda lembrou que há contratos oriundos da era FHC. Ora, claro que sim! A empresa é a maior do setor. O ponto é outro: a corrupção admitida pela empresa se deu entre 2007 e 2011, quando o petista José Sérgio Gabrielli presidia a Petrobras.

O ar de severidade de Graça não me intimida. Ela deveria ter deixado a direção da empresa quando ficou claro que participara de uma conspirata para fraudar o funcionamento normal de uma CPI. Há agora mais um motivo — um escandaloso motivo.

Terceirizar o Brasil
Nessa toada, o nosso país ainda será salvo — ou, ao menos, conseguirá se livrar de certos problemas — em razão das leis vigentes em outras democracias. Foi preciso que a Price ameaçasse suspender a análise de balanço da Transpetro para que Sérgio Machado se afastasse da presidência da subsidiária da Petrobras. A estatal brasileira está sendo investigada hoje pelo órgão americano que regula as empresas que atuam em Bolsa nos EUA e por uma divisão do Departamento de Justiça. Se assarem pizza por aqui, ela não será assada por lá.

Agora, vemos a Holanda punindo uma empresa holandesa em razão de relações corruptas mantidas mundo agora, inclusive no Brasil. E só então a CGU anuncia que a investigação está chegando a algum lugar.

Será que é o caso de terceirizar o Brasil? Isso tudo explica por que tropa de choque do governo faz de tudo para sabotar a CPI, como voltou a fazer nesta quarta. O nome disso é medo.

Fonte: www.veja.com.br

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