O PAPA FRANCISCO

DOIS ANOS DEPOIS DO “HABEMUS PAPAM”

Por Elviro Rebouças 

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Elviro Rebouças é economista e empresário

 

A igreja católica ainda se ressentia da perda de Karol Józef Wojtyła, o inesquecível polonês, extraordinário, humilde e admirado por mais de seis bilhões de pessoas, que como Papa adotou o nome de João Paulo II, que morrera velho, em 02 de abril de 2005, aos 85 anos de idade, sendo longos 27 deles como sumo pontífice, em cuja posição tornou-se o mais carismático dos sucessores de Pedro de que se tem notícias, pelo menos nos estudos realizados nos últimos cinco séculos pelos vaticanistas. Ele irradiava entusiasmo, dedicação à causa cristã, humildade e era o principal fiador da aproximação de todos os povos, independentemente de credo, ou seja um predestinado em favor da paz entre os homens. O papa João Paulo II viajou extensivamente nos cinco continentes e se encontrou com mais de três bilhões de fiéis das mais diferentes crenças. Ele constantemente tentou identificar afinidades, doutrinárias e dogmáticas. No Dia da Oração realizado em Assis em 27 de outubro de 1986, mais de 120 representantes de diferentes religiões e denominações cristãs passaram o dia em jejum e oração em honra ao seu(s) Deus(es). Posteriormente o Dia da Oração foi realizado em 1993, quando ocorria a Guerra da Bósnia. Em janeiro de 2002, João Paulo II novamente se reuniu em Assis no Dia da Oração, com a presença de 200 líderes religiosos, das mais diversas religiões. O papa quis reforçar sua mensagem de paz após os ataques de 11 de setembro que a religião não deve ser um motivo de conflito no século XXI. Em 11 de fevereiro de 2013, o Papa Bento XVI pegou o planeta de surpresa ao anunciar sua renúncia. O inusitado gesto, que não ocorria há 600 anos, deu-se no meio de uma das maiores crises da história recente da Igreja Católica, acossada por escândalos de pedofilia envolvendo padres e altos funcionários eclesiásticos, vazamento de documentos secretos do Pontífice expondo lutas internas no Vaticano, e acusações de desgoverno à Cúria Romana. Aos 85 anos, Bento XVI usou a saúde frágil para justificar a falta de energia necessária ao comando da Igreja. No entanto, entre o anúncio e a efetiva renúncia, duas semanas depois, aproveitou para ressaltar ao sucessor uma mensagem: a necessidade de reformar a Igreja. Aberto o processo sucessório, entrou em marcha a máquina de especulações sobre o futuro Papa. Listas e listas foram elaboradas com os chamados cardeais papáveis — aqueles julgados com maiores chances de chegar ao Trono de Pedro. Entre eles, pela primeira vez um brasileiro despontou como forte candidato: o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer. Quando já no segundo dia do conclave, em 13 de março, saiu a fumaça branca da chaminé da Capela Sistina, porém, o mundo inteiro se surpreendeu ao ser anunciado que o novo Papa era o argentino Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires. Aos 76 anos, ele fora descartado pelos vaticanistas pela idade avançada. Tido como próximo aos pobres e adotando o nome de Francisco — em homenagem a São Francisco de Assis — o primeiro Papa latino-americano da História abriu uma era de expectativas sobre os futuros rumos da Igreja, e com a simplicidade dos sábios encanta por palavras, atos e fatos do seu pontificado. Na Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, em 2013, conviveu durante dez dias com os jovens, solicitando que cada um deles fosse um revolucionário, certamente clamando por novos tempos de esperança e fé. Jorge Mario Bergoglio nasceu numa família de imigrantes italianos. O seu pai, Mario Bergoglio, nascido em Portacomaro, era um trabalhador ferroviário e sua mãe, nascida em Buenos Aires de pais genoveses, era dona de casa. O seu pai também jogava basquetebol no San Lorenzo, um dos cinco grandes do futebol argentino e cujas origens haviam sido impulsionadas por um padre. Jorge tornar-se-ia torcedor sanlorencista, já tendo afirmado que não perdeu nenhum jogo do título argentino de 1946, quando tinha então dez anos. Completando agora dois anos como Papa, Francisco prometeu e vem cumprindo com a reforma da Cúria e o Banco do Vaticano, além de levar a Igreja a fazer voto de pobreza. Com alta popularidade, o novo Papa justifica, portanto, a expectativa de que a igreja católica cumpre o seu papel primordial – Jesus Cristo vivo e entre nós -.

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